Arroz Revitalizante com Couve

em 23 de maio de 2020

Quando cozida, a couve tem um sabor adocicado que contrasta com o sabor naturalmente adstringente e amargo da couve crua. Esta receita é perfeita para os dias quentes que temos vivido, à medida que se aproxima o Verão. Os sabores amargo, adstringente e doce são os mais frios dos seis. Se é verdade que a couve agudiza o biótipo vata, a utilização de vinagre e de molho de soja pacífica esse dosha. A sua acidez torna-os ingredientes quentes e oleosos, que são características (gunas) opostas àquelas presentes em vata - um dosha frio e seco. Nesta receita utilizámos grelos de couve, mas podem utilizar outro tipo de couve que tenham ao vosso dispor, tendo sempre atenção ao tipo de caule que as folhas tenham na hora de os cozinhar.




Sopa de Beterraba

em 20 de maio de 2020

Com o aproximar do Verão e com os dias cada vez mais quentes e maiores, sabe bem comer algo mais leve. Muitas das nossas refeições, sobretudo os jantares, são compostos maioritariamente por sopa. É assim que nos sentimos bem. Na sugestão de hoje, além de visualmente atractiva, a beterraba cozinhada é refrescante pelo seu sabor doce e é extremamente agradável ao paladar. No final do dia o nosso corpo não necessita de tanta carga energética em termos alimentares. Temos jantado entre as 19 e as 19:30, para permitir que a digestão possa ser feita antes de nos deitarmos. No Ayurveda, é importante mantermos ritmos cíclicos: levantar e deitar sempre à mesma hora; comer as refeições à mesma hora; desenvolver determinadas actividades quando o nosso corpo está mais pré-disposto a tal e respeitar as horas de sono - entre 7 a 8. Sabiam que cada hora do dia é regido por determinado dosha? Entre as 10 e as 14 e entre as 22 e as 2 é um período pitta. De dia, é a hora em que o nosso fogo digestivo - agni - está mais forte e daí o almoço ser a refeição mais importante. À noite, entre as 22 e as 2, é benéfico estarmos a dormir, pois o fígado encontra-se a rejuvenescer as nossas células e os nossos tecidos. O metabolismo do açúcar ingerido durante o dia acontece nesse período. Se estivermos acordados, o mesmo não acontece, pois grande parte da energia de que o nosso corpo dispõe está a ser usada nas nossas actividades.  


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Chutney de Pêra

em 18 de maio de 2020

Ideal para acompanhar o prato principal ao almoço ou ao jantar, este chutney de pêra é incrivelmente saboroso e refrescante. Pode ser conservado no frigorífico por vários dias - cá em casa, achamos que quanto mais tempo passa no frasco, mais acentuado fica o sabor da pêra. A quantidade de fibra presente neste fruto é uma ótima aliada contra 'intestinos preguiçosos'. Tem um efeito refrescante no corpo e, por isso, é o fruto ideal para pitta. Quanto mais madura estiver, mais doce é e mais pacifica a constituição vata e agudiza kapha; por outro lado, se a pêra estiver verde, o sabor adstringente sobressai e torna-se nefasta para vata e benéfica para kapha. Primeira dica: se, tal como nós, gostam de estar atentos às promoções, podem comprar uma grande quantidade de pêras, por exemplo, e conservarem-nas facilmente em casa sem que se estraguem. Guardem uma terça parte - primeira a gastar - junto a bananas; coloquem outra terça parte num terrina; e a outra terça parte no frigorífico - última a gastar. O frio do frigorífico retrai o amadurecimento da fruta, enquanto a companhia da banana, devido à sua libertação de etileno, acelera o amadurecimento de frutos próximos - os aminoácidos convertem-se em açúcares, tornando a taxa de ácido mais residual. Segunda dica: se tiverem fruta muito madura ao vosso dispor, façam um chutney.


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Sopa de Espargos

em 16 de maio de 2020

E que tal uma sopa de espargos para o jantar? A ideia de hoje é aproveitar um dos legumes mais ricos e saborosos que a Primavera nos pode dar - o espargo. O peso do Inverno - estação kapha - dá lugar à necessidade de frescura e leveza que este legume oferece. Rico em minerais como potássio, fósforo e cálcio, além de vitaminas do complexo B e C, o espargo desintoxica o corpo, refresca a pele, é diurético, reduz a pressão sanguínea e deixa-nos com uma sensação de saciedade. Por ser um alimento seco, leve e frio, não é o mais indicado para a constituição vata. Porém, é aí que entram as nossas especiarias, para equilibrar os pratos da balança. Um conselho: podem deixar acabar um determinado legume, uma leguminosa, um cereal, um grão; mas nunca deixem acabar as especiarias na vossa cozinha.


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Noodles de Arroz com Tofu e Legumes em Molho de Amendoim

em 13 de maio de 2020

Na sugestão oriental de hoje, pela primeira vez, apresentamos uma receita com tofu. Na língua japonesa, tofu significa, literalmente, feijão. Proveniente do feijão de soja - semeado pela primeira vez há 9000 anos, na China -, o tofu surgiu também nesse país, há 2000 anos, quando se experimentou moer o feijão de soja na água, aquecendo-o e coalhando-o com minerais. Para o tornar firme, grande parte do líquido é retirado do tofu. Os legumes utilizados são equilibrados em termos de sabores (rasa). A cenoura é doce - boa para vata e pitta  e nefasta para kapha. O aipo é picante e amargo - benéfico para kapha e menos bom para vata e pitta. O feijão verde é adstringente e é considerado pacificador para os três doshas. Como podem verificar, mesmo que optem por um legume que possa comprometer o equilíbrio da vossa constituição predominante, podem introduzir um outro que a balanceie. Esta é outra das razões que nos leva a cozinhar sempre com legumes, de preferência frescos e da época. Os noodles de arroz e o molho de amendoim dão o toque necessário para tornar esta refeição inesquecível. Sem dúvida, a repetir muitas vezes.


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Pãezinhos Sem Queijo

em 9 de maio de 2020

Os pãezinhos sem queijo que hoje vos trazemos fazem as nossas delícias cá em casa. São extremamente simples de fazer e são ideais para quem não come alimentos de origem animal, mas sente saudades do sabor e aroma a queijo. É a utilização dos polvilhos que provoca a sensação de queijo no nosso paladar. E que sensação! Os polvilhos doce e azedo derivam ambos da mandioca e são isentos de glúten. A diferença existente entre o doce e o azedo é o teor de acidez (cinco vezes superior no último). O polvilho doce dá elasticidade e forma à massa, enquanto o polvilho azedo confere-lhe sabor e permite que cresça. Se utilizarmos mais polvilho doce do que azedo, temos mais forma e menos sabor; se usarmos mais polvilho azedo do que doce, temos mais sabor e menos forma. Na sugestão apresentada, usámos os dois na mesma proporção, mas de futuro poderemos experimentar usar mais um do que o outro. O sabor depende mais das especiarias utilizadas do que das farinhas e suas proporções.




Biscoitos de Laranja, Gengibre e Canela

em 7 de maio de 2020

Toda a gente gosta de bolachas. Se forem saudáveis, ainda mais. É o caso desta nossa sugestão para um lanche a meio da tarde. A receita é incrivelmente simples. Se forem como nós, após fazerem estes biscoitos, dirão: 'nunca mais vamos comprar bolachas!' A farinha principal é a de aveia. Basta triturarem finamente os vossos flocos de aveia matinais para obterem farinha - escusam de a comprar. A aveia, em termos ayurvédicos, agrava kapha e pacifica vata e pitta. O seu sabor doce é pesado, frio e oleoso tem um efeito descendente e enraizador no organismo, que tende a imobilizar ainda mais a já letárgica constituição kapha. Por outro lado, o sabor picante (quente, seco, leve) da canela e do gengibre é o mais indicado para pacificar este dosha. Em breve iremos apresentar outras alternativas, com outros ingredientes, para poderem surpreender familiares e amigos com aquela caixa de costura de lata, mas com bolachas caseiras lá dentro, feitas por vós.   


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Queijo Vegetal de Tremoços e Sementes de Girassol

em 3 de maio de 2020

Com o queijo vegetal que hoje sugerimos vão passar a ter outra consideração pelos tremoços. Considerado o 'marisco dos pobres', esta leguminosa é incrivelmente rica em proteínas e fibras, além de minerais como o ferro e o zinco, pouco abundantes em alimentos de origem vegetal. Este queijo é ideal para colocarem por cima do vosso pão caseiro ao almoço - tantas e tantas vezes fazemos uma sopa com dois ou três legumes e acompanhamos com pão barrado com ghee ou com um queijo vegetal também feito por nós. É simplesmente divinal. Se tiverem sementes de girassol disponíveis, podem usar, tal como na sugestão aqui apresentada - ainda fica melhor, na nossa opinião.






Ingredientes:

- 1 cup de tremoços (ou 1/2 cup de tremoços e 1/2 cup sementes de girassol - a nossa preferida e a que apresentamos na preparação);
- 1/2 cup de água;
- 1/4 cup de polvilho doce;
- 1/4 cup de polvilho azedo;
- 1/2 colher de chá de sal dos Himalaias;
- 2 colheres de sopa de azeite;
- 2 colheres de sopa de vinagre;
- 1/4 colher de chá de assafétida*;
- 1/2 colher de chá de pimentão doce (paprika);
- 2 colheres de sopa de levedura de cerveja.

*alho moído como alternativa.


Preparação:

Tostar as sementes de girassol numa frigideira. Ir mexendo para que estas não queimem. Triturar todos os ingredientes, menos os tremoços e as sementes de girassol, durante 30 segundos. Acrescentar os tremoços e as sementes de girassol já tostadas e voltar a triturar até não haverem partes sólidas visíveis. De seguida, colocar o preparado numa frigideira em lume brando. Mexer com uma espátula (o famoso 'salazar') de silicone até que o queijo comece a ficar sólido. É importante evitar que se cole à frigideira. Por fim, untar um recipiente com azeite e passar o queijo para lá, dando-lhe a forma do recipiente. Não há que ter receio de o apertar bem nesta fase. Levar ao frigorífico para solidificar. Depois de uma hora, retirar do recipiente e colocar num prato. Está pronto a servir. Com o tempo mais quente, é preferível manterem-no refrigerado.

Palitos de Polenta no Forno

em 1 de maio de 2020

Hoje trazemos uma receita de origem italiana. A polenta é feita com sêmola de milho que é o  resultado de uma moagem inacabada do grão de milho. Acaba por conservar um valor nutritivo mais elevado do que a farinha de milho, dado que esta é mais processada. A sêmola de milho têm baixo teor de gordura; ajuda a ganhar massa muscular (4 gramas de proteínas por cada 100 gramas); rica em vitaminas do complexo B; ajuda o sistema imunológico; e é rica em ferro, ajudando o sangue a circular com maior fluidez no nosso organismo, prevenindo a anemia. O que comemos torna-se parte de nós. Os nutrientes que o nosso corpo digere vão nutrir os sete tecidos (dhatus) de forma sequencial, durante 30 a 35 dias: plasma, sangue, músculos, gorduras, ossos, medula óssea e tecido reprodutor (nesta ordem). Por norma, os nutrientes demoram 5 dias a viajar entre tecidos. Cada tecido recebe nutrientes, digere-os e processa-os. Cada tecido escolhe os nutrientes necessários para se manter. A isto chama-se inteligência celular - uma das leis da nutrição. O potencial do tecido seguinte é sempre maior que o anterior. Aquilo que comemos hoje afecta-nos, em grande medida, toda a vida. Nunca é tarde para começarmos a ter hábitos alimentares mais conscientes. É isso que procuramos fazer e partilhar convosco Com os ingredientes utilizados nesta polenta conseguimos encher um tabuleiro inteiro. Vale bem a pena experimentarem fazer em vossa casa.


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Bolinhos de Beterraba

em 30 de abril de 2020

Hoje trazemos uns apetitosos bolinhos de beterraba como sugestão. Esta é das nossas receitas favoritas. Não se deixem enganar pelo elevado número de ingredientes - a receita dá pouco trabalho e merece bem cada segundo que lhe dedicarem na cozinha. No Ayurveda há um termo em sânscrito que assinala o facto de nós comermos com os cinco sentidos, com as emoções, com os pensamentos e com a informação que a nossa mente processa a cada milésimo de segundo. Ahara é, nem mais nem menos, que a dieta ayurvédica que nos diz como uma alimentação saudável nutre não apenas o corpo, mas também a mente e o espírito. A comida é utilizada no nosso corpo com quatro propósitos básicos: nutrir os sete tecidos (dhatus); fornecer-nos energia; ser depositada em forma de gordura e usada em períodos de debilidade, de doença ou de inacessibilidade a fontes alimentares; e como experiência sensorial. Sim, o que a comida nos faz sentir é tão ou mais importante do que os valores nutritivos. No Ayurveda é tudo uma questão de equilíbrio, moderação, ritmo e consistência. Criem horários certos para as vossas refeições e oiçam o que o vosso corpo vos pede.


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Granola Caseira

em 27 de abril de 2020

Quem gosta de comer granola ao pequeno-almoço? Nós adoramos e, por isso, decidimos fazê-la pela primeira vez em casa. Vale muito a pena. Basta terem alguns cereais, fruto secos, um qualquer adoçante e óleo. Fazer granola em casa é sinónimo de saber aquilo que estamos a comer. Das últimas vezes que fomos ao supermercado, decidimos ler o rótulo (algo que agora fazemos sempre com qualquer alimento) de uma granola que costumávamos comprar e assustámo-nos com a quantidade de estabilizadores e emulsionantes contidos. Jurámos que, a partir daí, íamos começar a fazer a nossa própria granola. Este foi o resultado da nossa primeira. Simplesmente divinal!


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Caril de Batata Doce e Ervilhas de Quebrar

em 24 de abril de 2020

Hoje trazemo-vos um delicioso caril de batata doce e ervilhas de quebrar. Já sabem como adoramos este tipo de ervilhas. O caril - ou curry - é apenas um termo anglo-saxónico que serve para descrever uma masala (mistura de duas ou mais especiarias). Ou seja, não há nenhuma planta que nos forneça esse pó. Dependendo da região da Índia (de onde é originária esta mistura), costuma conter açafrão, feno grego, coentros, canela e gengibre. Esse tal 'caril' foi introduzido no ocidente pelos mercadores indianos, aquando das suas expedições e viagens no final do século XVIII. Todos podemos fazer caril em pó em casa, tendo as especiarias certas. Nesta receita, além do 'caril' em pó, usamos folhas de caril. Estas sim, oriundas de uma planta. Não tendo nenhuma relação com o caril moído, tal e qual o conhecemos, estas folhas de sabor amargo e adstringente dão um toque marcante à comida e ajudam a promover o sistema digestivo, além de possuírem propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes e anti-microbianas. O seu uso remonta de há milhares de anos a esta parte e serve para realçar o sabor dos alimentos que acompanha, tal como a folha de louro - mais comummente usada no nosso contexto.


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Lasanha Branca de Couve-Flor e Amêndoa

em 22 de abril de 2020

Comer saudável não é sinónimo de deixar de ter prazer à hora da refeição. É essa a ideia que temos vindo a passar e é com isso em mente que hoje vos apresentamos esta deliciosa lasanha branca de couve-flor e amêndoa. Em termos dóshicos, esta receita é win-win. Se é verdade que, por um lado, a amêndoa é um fruto seco pesado e oleoso - desequilibrando pitta e kapha -, por outro, a couve-flor, de sabor adstringente, pacifica esses doshas. A constituição vata obtém benefícios ao ingerir amêndoas, pese embora o sabor adstringente da couve-flor não ser o mais indicado para este biótipo. Assim, esta lasanha procura não deixar ninguém de fora. O creme de amêndoa, por si só, é de comer e chorar por mais. Podem-no 'transportar' para outro prato de massas que confeccionem. Mas é nesta lasanha que ele se sente em casa. E, segundo as normativas da Direção Geral de Saúde, é nela que deve ficar... por tempo determinado, até não resistirem e encaminharem esta receita para as vossas papilas gustativas.




Feijão Preto com Especiarias

em 21 de abril de 2020

A nossa sugestão de hoje é um fantástico feijão preto com especiarias. É importante deixá-lo de molho na noite anterior à sua confecção. Primeiro, porque demorará muito menos tempo a cozinhar; segundo, porque irá criar menos gases no nosso processo digestivo. O bicarbonato irá ajudar a amaciar o feijão e a aliviar os gases nele contidos. Quanto às especiarias utilizadas, todas vão auxiliar a nossa digestão, promovendo o agni. Pela primeira vez nesta jornada que partilhamos convoco estamos a utilizar alho. A sua natureza rajásica não é benéfica para a nossa mente, pois estimula-a em demasia. No Ayurveda, o alho é visto como um antibiótico e um anti-inflamatório que serve para tratar várias doenças. Deste modo, em condições normais, não precisaremos desse estímulo alimentar continuamente. Tudo pode e deve ser consumido com moderação e em consciência, mas a preferência deverá recair sempre em alimentos que 'aclarem' e iluminem a nossa mente - alimentos sátvicos. Quando comemos algo agradável e temos consciência disso, é meio caminho andado para haver esse equilíbrio na nossa alimentação... e na nossa mente. Este feijão comprovou-o!


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Chutney de Cenoura

em 19 de abril de 2020

Querem fazer algo saboroso com aquele resto de cenouras que têm no frigorífico? Este chutney de cenoura é uma óptima sugestão. Depois de termos sugerido há umas semanas um fantástico chutney de maçã, hoje trazemos um legume, também ele da época. Quanto ao gengibre utilizado, é, no Ayurveda, considerado um superalimento. É excelente para o aparelho digestivo, facilitando a criação de enzimas que facilitam a nossa digestão. Além disso, possui propriedades anti-inflamatórias e anti-virais que dão um boost ao nosso sistema imunológico, sobretudo em quadros de gripes e de vírus - ideal para a conjuntura que vivemos actualmente. De sabor picante e energia (virya) quente, tende a pacificar as constituições frias - vata e kapha - e a agravar pitta - um dosha quente. Mas, se és pitta, não desanimes. Este chutney também é para ti. O sabor doce da cenoura cozida e do óleo de coco é refrescante e pesados e, por isso, ideal para balancear o fogo (agni) contido, quer nas especiarias aqui usadas, quer no teu estômago.


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Arroz Aromático com Ervilhas de Quebrar e Castanhas do Brasil

em 17 de abril de 2020

Não sabemos se já vos dissemos, mas adoramos ervilhas, sobretudo as de quebrar. Por isso, hoje decidimos sugerir este delicioso arroz aromatizado com uma boa dose de sementes de cominhos (para nós, a especiaria mais importante na cozinha ayurvédica), com as ervilhas e castanhas do Brasil (também conhecidas como castanha do Pará). As ervilhas, de sabor adstringente - frio, seco, pesado - são mais indicadas para constituições kapha e pitta (doshas tipicamente mais húmidos). As castanhas, por sua vez, sendo um fruto oleaginoso, contêm a gordura indicada para equilibrar a constituição vata. As pessoas com este dosha predominante tendem a ter uma digestão irregular, pelo que a introdução de alimentos mais oleosos tem um efeito benéfico no seu agni. O arroz, juntamente com os cominhos, irão ajudar a equilibrar todas as constituições, o que torna esta refeição recomendada para todos. Tal como, aliás, a canela. Esta especiaria tem um sabor doce e picante que é benéfico para o equilíbrio de vata e pitta (pelo sabor doce) e de kapha (picante). Lembram-se do nosso molho de tahini e coentros? É uma óptima sugestão para acompanhar este arroz aromático. Bom apetite!


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Bolo de Alfarroba e Cacau

em 15 de abril de 2020

Este é o nosso bolo favorito. A alfarroba sabe a chocolate, parece chocolate, mas não tem os efeitos nefastos do chocolate. Não tem glúten, lactose nem açúcar, o que faz com que uma fatia a mais nunca seja demais. Nesta receita optámos por usar açúcar mascavado em vez do refinado. O primeiro tem valores importantes de cálcio, magnésio, fósforo e potássio, enquanto o segundo tem apenas valores residuais desses minerais. Enfim, além de amplamente mais saudável que outros bolos ou sobremesas, esta sugestão é ultra deliciosa. Entre todas as 'gulosices' que já confecionámos e provámos, esta é, de forma consensual, aquela que nos enche mais as medidas. Experimentem fazer aí em casa e depois digam-nos de vossa justiça. Como sobremesa ao almoço ou ao lanche, a salivação é garantida.


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Kitchari de Lentilhas Germinadas

em 13 de abril de 2020

O uso de germinados é uma prática recorrente na cozinha ayurvédica. Em termos nutritivos, é considerado um alimento vivo. Imaginem a energia necessária que uma semente necessita para se transformar em planta. Essa energia, ao ingerirmos germinados, é transmutada para o nosso corpo e para o nosso organismo. Têm um efeito alcalino, o que ajuda a purificar o sangue e a proteger o nosso sistema imunitário. Têm um teor elevado de vitaminas, minerais, antioxidantes e clorofila. Hoje em dia, grande parte das pessoas vive obcecada com as proteínas que consome e esquece o nível de fibras. As fibras são responsáveis pela redução da absorção de gorduras e toxinas no organismo que geram doenças graves, nomeadamente do foro intestinal. Por serem consumidos frescos, os germinados são uma ótima fonte de fibras. Basta deixá-los em água de um dia para o outro. De seguida, diariamente, lavá-los, escorrê-los, tapando-os com um pano húmido. Cá em casa, quando germinamos alguma leguminosa ou semente, vamos retirando ao longo dos dias (a partir do 2º ou 3º dia estão prontos a ser consumidos) para juntar à nossa refeição e vamos sentindo as diferentes texturas e sabores deste alimento. Nesta sugestão, usamo-lo no kitchari, com arroz basmati e curgete ralada. É uma boa forma de comer diferente, da mesma fonte (a lentilha, neste caso).


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Nabo com Batata Doce e Especiarias

em 11 de abril de 2020

Sabem aqueles dias que abrem o frigorífico e veem um legume solto e não sabem o que fazer com ele? Foi o que se passou hoje com o nabo! Entre colocá-lo numa sopa juntamente com outro legume mais proeminente ou dar-lhe protagonismo num prato principal, optámos pela segunda via. Apesar de utilizarmos as mesmas porções de batata doce e de nabo, a batata não rouba o protagonismo ao seu companheiro de prato. O nabo tem um sabor adstringente (seco, frio e pesado) e é ideal para quem tem pitta - tipicamente húmido, quente e leve - como biótipo. Falando em sabores - ou rasa, em sânscrito -, sabiam que cada um dos seis sabores percebidos na língua se desdobra em apenas três no pós-digestão? O doce e o salgado têm um efeito doce; o ácido tem efeito ácido; o picante, o amargo e o adstringente têm efeito picante. Este efeito pós-digestivo tem o nome de vipaka e mostra a forma como os tecidos do nosso corpo absorvem os nutrientes daquilo que ingerimos. Por outras palavras, não basta estarmos atentos aos seis sabores para saber o que faz bem a cada dosha. No Ayurveda cada caso é um caso. Cada corpo e cada indivíduo merece atenção plena. Não há uma receita milagrosa que funcione com A e com B. Daí a importância de nós próprios, em consciência, escutarmos aquilo que o nosso corpo nos pede.


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Molho de Tahini e Coentros

em 9 de abril de 2020

A nossa sugestão de hoje é um molho sem gorduras refinadas. Ou seja, saudável e igualmente delicioso. O tahini é concebido com sementes de sésamo e a sua origem, segundo rezam as crónicas, remonta ao século XIII. As qualidades doce, oleosa e pesada fazem deste ingrediente a escolha perfeita para as pessoas de constituição vata, combatendo a propensão destes indivíduos para a secura em excesso, que acelera o envelhecimento. Além disso, por ser um ingrediente grosso e denso, traz estabilidade às mentes mais agitadas, também características de vata, providenciando enraizamento. Por este motivo, o tahini é a escolha perfeita para pessoas tipicamente ansiosas. Em termos de propriedades nutritivas, é rico em proteínas, contém ainda valores consideráveis de cálcio, ferro, vitamina B, fósforo e potássio. Na nossa sugestão, a lima (ácido), o agave (doce) e o sal (salgado) constituem os três sabores que pacificam a constituição vata. A existência dos restantes três sabores nesta receita - picante (pimenta preta), amargo (levedura de cerveja) e adstringente (coentros) -, demonstra o quão importante é termos os seis sabores (rasa) presentes numa mesma refeição. O equilíbrio gera-se a partir daí. Falaremos mais noutras ocasiões dos seis sabores e de como os elementos predominantes destes influem em cada dosha, também eles regidos por elementos característicos.


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Queijo Vegetal de Caju e Batata Doce

em 7 de abril de 2020

Este queijo vegetal é simplesmente fantástico. Ideal para quem não processa muito bem produtos lácteos e, ainda assim, adora comer algo com o pão. O sabor (rasa) doce cruzado da cenoura cozinhada, do caju e da batata doce é benéfico para as constituições pitta e vata. Estes doshas têm qualidades (gunas) tipicamente leves e móveis e, por isso, beneficiam do aspecto pesado e de enraizamento do sabor doce. No Ayurveda, além de ser importante considerar a constituição de cada indivíduo, é fulcral saber os efeitos que cada um dos seis sabores (doce, ácido, salgado, picante, amargo e adstringente) provocam em cada biótipo. Neste exemplo, se é verdade que o sabor doce equilibra pitta e vata, também é verdade que agrava o outro dosha, kapha. Porquê? Porque este dosha já tem as características presentes no sabor doce - pesado, lento, letárgico, frio/fresco. Então, ao ingerir alimentos doces, irá agravar a sua configuração momentânea (vikruti), dissonante do seu prakruti (constituição natural). Na ciência ayurvédica, só há saúde plena quando o prakruti coincide com o vikruti. A própria doença é caracterizada pelo desequilíbrio nos doshas. Assim, a nossa rotina, os hábitos, a alimentação e a profissão podem-nos fazer distanciar do equilíbrio desejado. Temos de estar atentos àquilo que ingerimos a nível físico, energético, mental, subconsciente e da própria consciência (o plano mais subtil de todos). Isto tudo não significa que devamos deixar de comer determinadas coisas. Tudo tem de estar em equilíbrio. Urge escutarmos os sinais do nosso corpo. Urge barrar este queijo, por exemplo, com o nosso pão de forma de sementes.


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Couve-Flor de Açafrão

em 6 de abril de 2020

Saudades da couve-flor? Nós também! Por isso, depois da anterior sugestão deste legume presente no Kitchari do Mar, hoje levamo-lo ao forno com a companhia agradável do açafrão e sob supervisão do sal rosa dos Himalaias e do ghee. A couve-flor é um alimento que pacifica as constituições Pitta e Kapha e que agrava Vata, já que tem como elementos predominantes espaço e ar, exactamente os elementos presentes no Dosha Vata. Cada Dosha corresponde a uma força energética fundamental que rege os princípios psicofisiológicos do nosso corpo. As pessoas cuja constituição predominante é Vata beneficiam de alimentos húmidos, gordurosos e oleosos. Tudo o que sejam alimentos crus (frutas pouco maduras, alfaces), alimentos leves e secos, bebidas e refeições frias, agravam Vata. Pelo que, para gerar equilíbrio, há que introduzir elementos opostos à natureza leve, subtil, móvel, áspera, seca e fria deste Dosha. O açafrão tem um efeito tridóshico, ou seja, é pacificador para os três Doshas. Como têm visto, a nível de temperos, é quase sempre uma opção para nós. A cor amarelada que veem nos pratos advém exatamente deste ingrediente. O açafrão tem propriedades únicas: ajuda na desintoxicação do fígado, é um ótimo agente contra alergias, fortalece o sistema imunitário e ajuda à digestão por ser um alimento com sabor picante, amargo e adstringente e, assim, com efeito picante pós digestivo (vipaka) - o nosso estômago precisa desse fogo (agni) bem ativo. Quanto às sementes de cânhamo também presente na receita, falaremos delas noutra oportunidade. Tal como o açafrão, também estas sementes são consideradas um superalimento. Tirem a couve-flor do forno e façam-na envolver-se com a couve-lombarda ou outra folhosa ao vosso critério e sejam felizes.


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Trança de Legumes

em 5 de abril de 2020

Sobrou sopa do jantar do dia anterior e querem comê-la ao almoço com algo diferente, saboroso e saudável? Esta trança de legumes é a sugestão perfeita para surpreenderem aqueles com quem vão partilhar a refeição. Para já, deixem-nos dizer que se têm sopa atrasada, não deviam. Lembram-se que um dos desígnios do Ayurveda passa por comer sempre alimentos frescos? Pois é. Comecem a medir bem as quantidades que cozinham, consoante o número de pessoas à mesa. Atenção, este não é um convite para mandar comida para o lixo. A comida é sagrada. Porém, tudo o que entra no wok, frigideira ou panela, preferencialmente, tem de servir para nutrir o nosso organismo nesse momento/refeição. Se, como nós, adorarem esta trança de legumes, nunca na vida vão deixar que esta sobre para mais tarde. Os legumes utilizados são todos sátvicos (cenoura, couve-coração e curgete). A escolha da farinha de espelta na massa é bem mais saudável do que a mais comum - a de trigo. Na perspectiva ayurvédica, a espelta é mais fácil de digerir pelo nosso organismo do que o trigo, pois as suas características são mais condizentes com as do nosso fogo digestivo (agni). Além disso, contém muito menos glúten (e o que tem é mais solúvel) e menor grau de modificação e processamento genético. Experimentem começar a cozinhar os vossos bolos, pão e sobremesas com farinha de espelta. A vossa saúde agradece. Quando a mente reconhece que os nossos hábitos alimentares têm a saúde como fim, a degustação de qualquer prato saudável torna-se uma bênção. Na cozinha ayurvédica, os fins justificam os meios e vice-versa.


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Sopa de Tomate Assado

em 4 de abril de 2020

Querem dar mais sabor à vossa sopa? Nós aproveitámos o facto de já termos utilizado o forno de manhã para assar os legumes lá. E que boa opção! Como o equilíbrio é uma peça-chave no Ayurveda, cozinhar um legume rajásico, como o tomate, com outros dois sátvicos (batata doce e cenoura) acaba por tornar-se benéfico. Porém, é recomendado haver uma predominância de alimentos sátvicos nos nossos pratos - aqueles que aumentam a nossa harmonia e a clareza da mente. Quando há uma tendência da nossa parte para procrastinar (tamas em excesso), então, é benéfico introduzir alimentos rajásicos na alimentação, promovendo movimento e mudança na nossa mente. Como em tudo, comer apenas alimentos sátvicos não será benéfico se estes forem demasiado cozinhados ou condimentados. Tal como não será sensato ingerirmos alimentos estimulantes (rajásicos) quando nos preparamos para dormir. Aquilo que comemos interfere na nossa mente e o nosso estado mental interfere na forma como digerimos o que ingerimos. Por exemplo, estando depressivos, é normal comermos mais açúcares refinados. Isto só vai incrementar o estado desequilibrado em que a nossa mente se encontra. A nossa sugestão de hoje não compromete o equilíbrio... dos sabores e da mente. Sirvam-se!


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Muffins de Cenoura e Gengibre

em 3 de abril de 2020

Estes deliciosos muffins de cenoura e gengibre são a prova cabal que o nosso paladar e as preferências alimentícias mudam com os anos e, sobretudo, como os hábitos alimentares que adotamos ao longo da nossa vida. Comer um queque que não leva ovos, leite ou chocolate e que, em vez disso, tem a cenoura e o gengibre (além da laranja) como ingredientes predominantes? Se fôssemos crianças, mandávamos a nossa mãe comê-los! Agora, duram pouco tempo cá em casa... Na fronteira entre o queque comum e a queijadinha, a nível de textura, estes muffins são ideais para acompanhar com um chá ao lanche ou como sobremesa, ao almoço. Ao longo destas últimas semanas de partilha, as receitas que temos dado a conhecer são o fruto de muita criatividade e experimentação. O mais importante é estarmos conscientes no momento em que cozinhamos e em que comemos. Estar consciente é estar presente e, sobretudo, Ser essa presença. O momento em que vocês veem e leem as nossas receitas é um momento que decorre da sua confeção e degustação aqui em casa. Tenham isso presente em vós e sintam o amor, a dedicação e a consciência que prestamos à cozinha e ao que temos aprendido e vamos continuar a aprender com esta ciência, o Ayurveda.


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Dal de Coco e Lima

em 2 de abril de 2020

Hoje trazemo-vos um delicioso Dal de coco e lima. Já falámos aqui do uso sistemático deste prato na cultura indiana. Nesta sugestão, as lentilhas fazem-se acompanhar pelo coco e pela lima. A lima é um fruto indicado para os três Doshas (vata, pitta e kapha). É um fruto amargo no sabor, porém, com efeitos alcalinos no nosso corpo. É rico em vitamina C e, por isso, nutre o nosso sangue, desintoxicando-o. Quanto ao coco, muitas vezes considerado um superalimento na medicina indiana, é pacificador para vata, mas, sobretudo, para a constituição pitta. A árvore que produz os cocos - coqueiro - é considerada uma árvore divina (kalpavriksha) para os indianos e isso dá-nos algumas pistas do quão benéfico é este fruto para o nosso organismo. Nesta receita usamos coco em quatro formas distintas (leite, óleo, lascas e ralado)! O óleo de coco pode ser usado como bálsamo directamente no nosso corpo: pele, cabelo e dentes! Justificando o porquê de utilizarmos tantas vezes este óleo como "gordura" nos nossos pratos, este, ao invés de outros, é mais facilmente metabolizado pelo nosso fígado e utilizado como energia, não sendo acumulado como gordura como o são outros óleos. Como se os motivos ligados à saúde não bastassem, o sabor do coco é um acrescento de prazer aos pratos, seja no pequeno-almoço, prato principal, bolos ou sobremesa. Porém, como em tudo na alimentação, convém não limitar a nossa dieta ao uso exclusivo do óleo de coco. A utilização de azeite, de ghee ou de óleo de sésamo pode e deve ser alternada com a sua utilização. Por ora, usufruam deste Dal, tal como nós.



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Pão de Forma de Sementes

em 1 de abril de 2020

Nos dias que hoje vivemos temos sido convidados a ser engenhosos. Não há muitos sítios em casa onde possamos dar azo à nossa criatividade como na cozinha. Fazer pão caseiro tem sido um hábito para nós, mesmo antes da questão do vírus se instalar na sociedade. Convidamo-vos a lerem os rótulos daqueles pães de forma embalados que compram no supermercado. Pensem na forma como o pão é feito nas padarias. Os objetivos dos patrões no ramo da panificação ao utilizarem melhorantes são os seguintes: aumentar as vendas, reduzir custos operacionais e fidelizar clientes. Em nenhum dos parâmetros é considerada a nossa saúde. Além dos E's (conservantes, emulsionantes e tratamentos), muito do pão que se compra nas superfícies comerciais está carregado de açúcar - a adição à glicose pode criar tanta dependência como uma droga. Ora, no Ayurveda qualquer adição serve para desvirtuar o nosso Sattva (estado calmo e equilibrado da mente). Seja para dar um boost desmesurado (rajas), seja para colocar um travão letárgico (tamas) à nossa mente/corpo. A sugestão de hoje, além de saborosa, convida-nos a ser mais criteriosos na hora de ir a uma superfície comercial. Comecem a ler os rótulos dos produtos que compram. Se não conhecerem o nome de algum ingrediente, desconfiem. Façam em casa, vocês mesmos. Deem atenção à maneira como nutrem o vosso corpo. Ele é o reflexo da vossa mente... e vice-versa.



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Creme de Abóbora e Coco

em 31 de março de 2020

"Eu gosto de sopa, do seu paladar. Eu gosto de sopa, ao almoço e ao jantar". Quem se lembra?
Quando o pequeno-almoço foi mais "avantajado", ao almoço apetece algo mais leve. Porém, isso não é sinónimo de desdenhar o sabor da nossa comida. A maioria das pessoas, em crianças, não adorava sopa. O truque - temos descobrido nós - é o tempêro. O gosto dos legumes é mais ou menos constante. Contudo, se adicionarmos as especiarias certas, aquele momento inicial da refeição pode-se tornar o momento mais apetitoso. Este creme de abóbora e coco comprovou-o. Falando das especiarias menos vulgares, a utilização da erva ajwain (de gosto similar ao do tomilho) dá uma frescura imensa ao creme. Quanto à assafétida, através do seu sabor unívoco, permite colocar de lado, quer alho, quer cebola - alimentos de natureza rajásica, desequilibradores da harmonia e da tranquilidade da nossa mente. O rajas e o tamas são elementos desequilibradores do sattva (o estado puro e calmo da mente). Na cozinha indiana, a introdução das especiarias torna a digestão dos alimentos uma tarefa bem menos complicada. Se podemos facilitar a vida ao nosso organismo e ainda comer de forma mais saborosa, o que esperamos?


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Bolo de Abóbora e Especiarias Sem Glúten

em 30 de março de 2020

A sugestão de hoje funciona perfeitamente como sobremesa ou como um lanche a meio da tarde. A abóbora-manteiga é uma excelente fonte de minerais - sobretudo, magnésio e potássio - e de fibras. Além disso, tem um teor baixo de calorias. A porção desta receita constitui apenas 20 calorias! Quanto à farinha de arroz, é a substituta natural da farinha de trigo normalmente utilizada neste tipo de iguarias, sobretudo para evitar o consumo de glúten. O alto teor de fibras e de carboidratos complexos desta farinha ajuda no processo de redução de peso, uma vez que é digerida e absorvida de forma mais lenta e, por isso, sacia por mais tempo do que os carboidratos simples. Na visão do Ayurveda, o arroz é sinónimo de saúde, prosperidade e fertilidade. Então, não é de estranhar o uso comum da farinha de arroz nas iguarias cunhadas pela filosofia milenar indiana. Nós, cá em casa, cada vez a usamos mais. A comida é a nossa principal medicina!


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Pulao de Espargos, Caju e Tâmaras

em 29 de março de 2020

À medida que nos sentimos mais confortáveis a cozinhar, as novas ideias surgem num corrupio. A sugestão de hoje advém daí. Sendo o Pulao um arroz aromatizado com especiarias e cozinhado em caldo, a conjugação com a tâmara e o caju deixa antever água na boca. Cá em casa é costume usarmos a tâmara ao pequeno almoço como substituto do açúcar ou em sobremesas. Porém, hoje decidimos fazer algo que nunca fizemos e experimentámos este nutritivo fruto num prato principal. "Melhor Pulao de sempre", dissemos em sintonia docemente um ao outro, enquanto comíamos. Não podemos esquecer os espargos neste cenário. O prato não seria o mesmo sem a presença deste legume da época, indicado para os três Doshas. O Dosha é uma força energética fundamental que representam princípios psicofisiológicos do nosso corpo. É um composto que surge quando os cinco elementos (espaço, ar, fogo, água e terra) se juntam no nosso corpo. Todos nós temos os três Doshas presentes no nosso corpo. Uns em equilíbrio, outros em desequilíbrio. Voltaremos a falar deste tema noutras publicações.
Por agora, vamos lavar bem as mãos e vamos para a mesa, se não arrefece!


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Quinoa com Uvas Passas

em 28 de março de 2020

Hoje trazemo-vos uma planta da região dos Andes, na América do Sul. Considerada o "cereal dos incas", a quinoa é um alimento versátil - pode ser usada em sobremesas - e rápido de cozinhar. Este superalimento é o único de origem vegetal que agrega todos os aminoácidos essenciais para o nosso organismo. Reza a lenda que os exércitos incas, em tempos de guerra, aguentavam dias a fio apenas a comer quinoa e gordura. Não admira, pois é o cereal com maior valor energético. Na sugestão de hoje a quinoa faz-se acompanhar por uvas passas. Nós os dois não gostamos de as comer na passagem de ano, mas ficamos felizes por podermos juntá-las a qualquer prato. Com a uva passa, a máxima "happiness is only real when shared" é levada à letra.


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Chutney de Maçã

em 27 de março de 2020

Esqueçam os ambientadores ou difusores de cheiros em casa. Com a receita que trazemos hoje, é garantido que a casa ficará a cheirar lindamente o resto do dia. Se não for verdade, devolvam-nos o produto (nós comemos de bom grado)! O chutney, condimento originário da Índia, conjuga o melhor de dois mundos: doce e ácido. É, assim, uma viagem agridoce pelo nosso paladar. A escolha da maçã, além da familiaridade com a cultura portuguesa e de ser um fruto da época, revela-se económica e não menos saborosa do que uma opção mais "tropical".


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Dal de Batata Doce e Nabiças

em 26 de março de 2020

Na Índia é raro o dia que os indianos não cozinhem Dal. Muito agradável e de fácil digestão, quando combinado com uma proteína como o arroz, o Dal de lentilhas, como é o caso da nossa sugestão, fornece a mesma quantidade de proteínas que 200 gramas de carne. Não há desculpas para não começar a comer de forma saudável e consciente. A nível de legumes, a nabiça fornece uma vasta gama de vitaminas e de minerais essenciais para o nosso organismo, sendo também um agente anti-cancerígeno. Todas as razões são poucas para começarmos a comer de forma saudável e deliciosa. Quando se junta o apetite à hora da refeição, com a consciência dos benefícios daquilo que ingerimos para a nossa saúde física, emocional e mental, a confeção das refeições torna-se um ritual de lazer e de prazer. É o que acontece cá em casa!


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Bolinhos de Lentilhas e Coco

em 25 de março de 2020

Uma alternativa verdadeiramente saudável e deliciosa. A lentilha é a leguminosa que ninguém devia deixar acabar em casa. Tem mais proteínas e maior quantidade de zinco do que, por exemplo, o feijão. O mesmo é dizer que é uma excelente ajudante na reparação e manutenção dos nossos tecidos e o "personal trainer" que o nosso sistema imunológico necessita - pensem nos dias de hoje e em toda a questão do vírus. Um sistema imunológico "em dia" depende da forma como nutrimos o corpo e o cérebro. Cá em casa, é raro o dia que não cozinhamos lentilhas. Além disso, o coco, a salsa e o limão dão um toque requintado à desintoxicação do nosso organismo.


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Pulao de Abóbora e Girassol

em 24 de março de 2020

O Pulao é um prato originário da Índia. Em sânscrito é designado de Pulaka, "bola de arroz". Rezam as más línguas - as papilas gustativas que nunca provaram esta delícia original - que a paella ou o arroz à valenciana beberam as suas influências neste prato oriental. Como já referimos anteriormente, na cozinha Ayurvédica é recomendado utilizar-se legumes da época. A nossa escolha recaiu na abóbora manteiga, pois esta combina magistralmente com o arroz basmati e, por cozer mais rapidamente que outros legumes, absorve melhor todos os aromas das especiarias utilizadas. Vemos muitas receitas de Pulao que utilizam frutos secos. Porém, em vez disso, sugerimos sementes de girassol. Se já as adoramos cruas, quando cozinhadas ficam com um sabor muito parecido ao do pinhão. Um verdadeiro regalo.



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Infusão Digestiva

em 23 de março de 2020

A combinação de certas especiarias em infusão é benéfica para ativar o agni (fogo digestivo) no nosso organismo. Não é um convite para comer coisas que nos fazem mal, pois a bebida, mesmo que possa amenizar más decisões alimentares específicas que comprometem a digestão pela acumulação de toxinas (ama), pouca preponderância terá se não houver uma comunhão perfeita com aquilo que comemos, nomeadamente nas três refeições principais da nossa rotina diária. O segredo é estarmos conscientes daquilo que comemos. Iremos aprofundar esta e outras temáticas ao longo da nossa jornada.


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Kitchari do Mar

em 22 de março de 2020

Em sânscrito (língua ancestral nepalesa e indiana), Kitchari significa junção de um grão com uma leguminosa. Por norma, costumamos utilizar dois legumes nesta mistura, mas hoje a sugestão que trazemos a nível de legume assume todo o protagonismo. Porquê "do Mar"? Bem, peçam pistas à alga, aos coentros e à erva-doce. Deliciem-se, tal como nós!


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Muffins de Alfarroba

em 19 de março de 2020

Quem não gosta de adoçar a boca a meio da tarde? Ou até no fim daquele almoço ou jantar que, embora confortante, nos deixou um cantinho do estômago por preencher? Pois é! Hoje trazemos uma sugestão consensual cá em casa. Uma alternativa incrivelmente saudável a qualquer doce. Quando apresentámos esta receita a primeira vez a outras pessoas, ninguém acreditou que não havia açúcar ou chocolate envolvidos neste delicioso "crime".


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Cenouras Assadas em Ghee

Em termos ayurvédicos, a sustentação do nosso bem-estar em termos de culinária advém da preparação de alimentos frescos e, preferencialmente locais. Ao contrário do que muita gente pensa, é possível comer bem, de forma variada e apetitosa, apenas com legumes frescos e um toque especial de especiarias. Foi o que se sucedeu quando degustámos estas cenouras assadas. Sem dúvida, a repetir!


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Arroz Aromático de Cominhos e Canela

em 17 de março de 2020

Ao início encontrámos alguma resistência em usar a canela na confeção de um prato principal. Porém, quando experimentámos esta receita mudámos de ideias. Este arroz é uma alternativa deliciosa ao arroz branco simples, com o típico refogado português. Sentimos, desde logo, o aroma a canela a inundar a cozinha e o paladar. Uma solução rápida e óptima para acompanhar com legumes salteados.


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Apresentação

Olá, bem-vindos à nossa cozinha!

Somos um casal apaixonado pela culinária. Olhamos os alimentos que preparamos e ingerimos de uma forma energética e acreditamos na máxima Ayurvédica "you act what you eat". Ao longo da nossa prática dos últimos meses, que agora começamos a compartilhar convosco, é o que temos sentido. Quando temos consciência de como a comida nos faz sentir, somos conduzidos a um estado de maior saúde, quer física, quer mental.

Entretanto, iremos partilhar convosco as nossas experiências na cozinha, inspiradas na filosofia Ayurvédica (falaremos deste e de outros termos nas nossas publicações), demonstrando como a preparação das nossas refeições é um ritual que pode ser tão reconfortante como a degustação em si.

Sendo o Ayurveda um sistema de saúde originário da Índia com milhares de anos, onde a comida é a atriz principal no enredo do nosso bem-estar, é, para nós, importante saber intermediar o que formos apresentando a nível de receitas, com a sabedoria milenar contida neste modelo médico preventivo.

Venham connosco nesta viagem que terá tanto de saborosa como de saudável.




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