Quando cozida, a couve tem um sabor adocicado que contrasta com o sabor naturalmente adstringente e amargo da couve crua. Esta receita é perfeita para os dias quentes que temos vivido, à medida que se aproxima o Verão. Os sabores amargo, adstringente e doce são os mais frios dos seis. Se é verdade que a couve agudiza o biótipo vata, a utilização de vinagre e de molho de soja pacífica esse dosha. A sua acidez torna-os ingredientes quentes e oleosos, que são características (gunas) opostas àquelas presentes em vata - um dosha frio e seco. Nesta receita utilizámos grelos de couve, mas podem utilizar outro tipo de couve que tenham ao vosso dispor, tendo sempre atenção ao tipo de caule que as folhas tenham na hora de os cozinhar.
Sopa de Beterraba
em
20 de maio de 2020
Com o aproximar do Verão e com os dias cada vez mais quentes e maiores, sabe bem comer algo mais leve. Muitas das nossas refeições, sobretudo os jantares, são compostos maioritariamente por sopa. É assim que nos sentimos bem. Na sugestão de hoje, além de visualmente atractiva, a beterraba cozinhada é refrescante pelo seu sabor doce e é extremamente agradável ao paladar. No final do dia o nosso corpo não necessita de tanta carga energética em termos alimentares. Temos jantado entre as 19 e as 19:30, para permitir que a digestão possa ser feita antes de nos deitarmos. No Ayurveda, é importante mantermos ritmos cíclicos: levantar e deitar sempre à mesma hora; comer as refeições à mesma hora; desenvolver determinadas actividades quando o nosso corpo está mais pré-disposto a tal e respeitar as horas de sono - entre 7 a 8. Sabiam que cada hora do dia é regido por determinado dosha? Entre as 10 e as 14 e entre as 22 e as 2 é um período pitta. De dia, é a hora em que o nosso fogo digestivo - agni - está mais forte e daí o almoço ser a refeição mais importante. À noite, entre as 22 e as 2, é benéfico estarmos a dormir, pois o fígado encontra-se a rejuvenescer as nossas células e os nossos tecidos. O metabolismo do açúcar ingerido durante o dia acontece nesse período. Se estivermos acordados, o mesmo não acontece, pois grande parte da energia de que o nosso corpo dispõe está a ser usada nas nossas actividades.
Chutney de Pêra
em
18 de maio de 2020
Ideal para acompanhar o prato principal ao almoço ou ao jantar, este chutney de pêra é incrivelmente saboroso e refrescante. Pode ser conservado no frigorífico por vários dias - cá em casa, achamos que quanto mais tempo passa no frasco, mais acentuado fica o sabor da pêra. A quantidade de fibra presente neste fruto é uma ótima aliada contra 'intestinos preguiçosos'. Tem um efeito refrescante no corpo e, por isso, é o fruto ideal para pitta. Quanto mais madura estiver, mais doce é e mais pacifica a constituição vata e agudiza kapha; por outro lado, se a pêra estiver verde, o sabor adstringente sobressai e torna-se nefasta para vata e benéfica para kapha. Primeira dica: se, tal como nós, gostam de estar atentos às promoções, podem comprar uma grande quantidade de pêras, por exemplo, e conservarem-nas facilmente em casa sem que se estraguem. Guardem uma terça parte - primeira a gastar - junto a bananas; coloquem outra terça parte num terrina; e a outra terça parte no frigorífico - última a gastar. O frio do frigorífico retrai o amadurecimento da fruta, enquanto a companhia da banana, devido à sua libertação de etileno, acelera o amadurecimento de frutos próximos - os aminoácidos convertem-se em açúcares, tornando a taxa de ácido mais residual. Segunda dica: se tiverem fruta muito madura ao vosso dispor, façam um chutney.
Sopa de Espargos
em
16 de maio de 2020
E que tal uma sopa de espargos para o jantar? A ideia de hoje é aproveitar um dos legumes mais ricos e saborosos que a Primavera nos pode dar - o espargo. O peso do Inverno - estação kapha - dá lugar à necessidade de frescura e leveza que este legume oferece. Rico em minerais como potássio, fósforo e cálcio, além de vitaminas do complexo B e C, o espargo desintoxica o corpo, refresca a pele, é diurético, reduz a pressão sanguínea e deixa-nos com uma sensação de saciedade. Por ser um alimento seco, leve e frio, não é o mais indicado para a constituição vata. Porém, é aí que entram as nossas especiarias, para equilibrar os pratos da balança. Um conselho: podem deixar acabar um determinado legume, uma leguminosa, um cereal, um grão; mas nunca deixem acabar as especiarias na vossa cozinha.
Noodles de Arroz com Tofu e Legumes em Molho de Amendoim
em
13 de maio de 2020
Na sugestão oriental de hoje, pela primeira vez, apresentamos uma receita com tofu. Na língua japonesa, tofu significa, literalmente, feijão. Proveniente do feijão de soja - semeado pela primeira vez há 9000 anos, na China -, o tofu surgiu também nesse país, há 2000 anos, quando se experimentou moer o feijão de soja na água, aquecendo-o e coalhando-o com minerais. Para o tornar firme, grande parte do líquido é retirado do tofu. Os legumes utilizados são equilibrados em termos de sabores (rasa). A cenoura é doce - boa para vata e pitta e nefasta para kapha. O aipo é picante e amargo - benéfico para kapha e menos bom para vata e pitta. O feijão verde é adstringente e é considerado pacificador para os três doshas. Como podem verificar, mesmo que optem por um legume que possa comprometer o equilíbrio da vossa constituição predominante, podem introduzir um outro que a balanceie. Esta é outra das razões que nos leva a cozinhar sempre com legumes, de preferência frescos e da época. Os noodles de arroz e o molho de amendoim dão o toque necessário para tornar esta refeição inesquecível. Sem dúvida, a repetir muitas vezes.
Pãezinhos Sem Queijo
em
9 de maio de 2020
Os pãezinhos sem queijo que hoje vos trazemos fazem as nossas delícias cá em casa. São extremamente simples de fazer e são ideais para quem não come alimentos de origem animal, mas sente saudades do sabor e aroma a queijo. É a utilização dos polvilhos que provoca a sensação de queijo no nosso paladar. E que sensação! Os polvilhos doce e azedo derivam ambos da mandioca e são isentos de glúten. A diferença existente entre o doce e o azedo é o teor de acidez (cinco vezes superior no último). O polvilho doce dá elasticidade e forma à massa, enquanto o polvilho azedo confere-lhe sabor e permite que cresça. Se utilizarmos mais polvilho doce do que azedo, temos mais forma e menos sabor; se usarmos mais polvilho azedo do que doce, temos mais sabor e menos forma. Na sugestão apresentada, usámos os dois na mesma proporção, mas de futuro poderemos experimentar usar mais um do que o outro. O sabor depende mais das especiarias utilizadas do que das farinhas e suas proporções.
Biscoitos de Laranja, Gengibre e Canela
em
7 de maio de 2020
Toda a gente gosta de bolachas. Se forem saudáveis, ainda mais. É o caso desta nossa sugestão para um lanche a meio da tarde. A receita é incrivelmente simples. Se forem como nós, após fazerem estes biscoitos, dirão: 'nunca mais vamos comprar bolachas!' A farinha principal é a de aveia. Basta triturarem finamente os vossos flocos de aveia matinais para obterem farinha - escusam de a comprar. A aveia, em termos ayurvédicos, agrava kapha e pacifica vata e pitta. O seu sabor doce é pesado, frio e oleoso tem um efeito descendente e enraizador no organismo, que tende a imobilizar ainda mais a já letárgica constituição kapha. Por outro lado, o sabor picante (quente, seco, leve) da canela e do gengibre é o mais indicado para pacificar este dosha. Em breve iremos apresentar outras alternativas, com outros ingredientes, para poderem surpreender familiares e amigos com aquela caixa de costura de lata, mas com bolachas caseiras lá dentro, feitas por vós.
Queijo Vegetal de Tremoços e Sementes de Girassol
em
3 de maio de 2020
Com o queijo vegetal que hoje sugerimos vão passar a ter outra consideração pelos tremoços. Considerado o 'marisco dos pobres', esta leguminosa é incrivelmente rica em proteínas e fibras, além de minerais como o ferro e o zinco, pouco abundantes em alimentos de origem vegetal. Este queijo é ideal para colocarem por cima do vosso pão caseiro ao almoço - tantas e tantas vezes fazemos uma sopa com dois ou três legumes e acompanhamos com pão barrado com ghee ou com um queijo vegetal também feito por nós. É simplesmente divinal. Se tiverem sementes de girassol disponíveis, podem usar, tal como na sugestão aqui apresentada - ainda fica melhor, na nossa opinião.
Ingredientes:
- 1 cup de tremoços (ou 1/2 cup de tremoços e 1/2 cup sementes de girassol - a nossa preferida e a que apresentamos na preparação);
- 1/2 cup de água;
- 1/4 cup de polvilho doce;
- 1/4 cup de polvilho azedo;
- 1/2 colher de chá de sal dos Himalaias;
- 2 colheres de sopa de azeite;
- 2 colheres de sopa de vinagre;
- 1/4 colher de chá de assafétida*;
- 1/2 colher de chá de pimentão doce (paprika);
- 2 colheres de sopa de levedura de cerveja.
*alho moído como alternativa.
Preparação:
Tostar as sementes de girassol numa frigideira. Ir mexendo para que estas não queimem. Triturar todos os ingredientes, menos os tremoços e as sementes de girassol, durante 30 segundos. Acrescentar os tremoços e as sementes de girassol já tostadas e voltar a triturar até não haverem partes sólidas visíveis. De seguida, colocar o preparado numa frigideira em lume brando. Mexer com uma espátula (o famoso 'salazar') de silicone até que o queijo comece a ficar sólido. É importante evitar que se cole à frigideira. Por fim, untar um recipiente com azeite e passar o queijo para lá, dando-lhe a forma do recipiente. Não há que ter receio de o apertar bem nesta fase. Levar ao frigorífico para solidificar. Depois de uma hora, retirar do recipiente e colocar num prato. Está pronto a servir. Com o tempo mais quente, é preferível manterem-no refrigerado.
Ingredientes:
- 1 cup de tremoços (ou 1/2 cup de tremoços e 1/2 cup sementes de girassol - a nossa preferida e a que apresentamos na preparação);
- 1/2 cup de água;
- 1/4 cup de polvilho doce;
- 1/4 cup de polvilho azedo;
- 1/2 colher de chá de sal dos Himalaias;
- 2 colheres de sopa de azeite;
- 2 colheres de sopa de vinagre;
- 1/4 colher de chá de assafétida*;
- 1/2 colher de chá de pimentão doce (paprika);
- 2 colheres de sopa de levedura de cerveja.
*alho moído como alternativa.
Preparação:
Tostar as sementes de girassol numa frigideira. Ir mexendo para que estas não queimem. Triturar todos os ingredientes, menos os tremoços e as sementes de girassol, durante 30 segundos. Acrescentar os tremoços e as sementes de girassol já tostadas e voltar a triturar até não haverem partes sólidas visíveis. De seguida, colocar o preparado numa frigideira em lume brando. Mexer com uma espátula (o famoso 'salazar') de silicone até que o queijo comece a ficar sólido. É importante evitar que se cole à frigideira. Por fim, untar um recipiente com azeite e passar o queijo para lá, dando-lhe a forma do recipiente. Não há que ter receio de o apertar bem nesta fase. Levar ao frigorífico para solidificar. Depois de uma hora, retirar do recipiente e colocar num prato. Está pronto a servir. Com o tempo mais quente, é preferível manterem-no refrigerado.
Palitos de Polenta no Forno
em
1 de maio de 2020
Hoje trazemos uma receita de origem italiana. A polenta é feita com sêmola de milho que é o resultado de uma moagem inacabada do grão de milho. Acaba por conservar um valor nutritivo mais elevado do que a farinha de milho, dado que esta é mais processada. A sêmola de milho têm baixo teor de gordura; ajuda a ganhar massa muscular (4 gramas de proteínas por cada 100 gramas); rica em vitaminas do complexo B; ajuda o sistema imunológico; e é rica em ferro, ajudando o sangue a circular com maior fluidez no nosso organismo, prevenindo a anemia. O que comemos torna-se parte de nós. Os nutrientes que o nosso corpo digere vão nutrir os sete tecidos (dhatus) de forma sequencial, durante 30 a 35 dias: plasma, sangue, músculos, gorduras, ossos, medula óssea e tecido reprodutor (nesta ordem). Por norma, os nutrientes demoram 5 dias a viajar entre tecidos. Cada tecido recebe nutrientes, digere-os e processa-os. Cada tecido escolhe os nutrientes necessários para se manter. A isto chama-se inteligência celular - uma das leis da nutrição. O potencial do tecido seguinte é sempre maior que o anterior. Aquilo que comemos hoje afecta-nos, em grande medida, toda a vida. Nunca é tarde para começarmos a ter hábitos alimentares mais conscientes. É isso que procuramos fazer e partilhar convosco Com os ingredientes utilizados nesta polenta conseguimos encher um tabuleiro inteiro. Vale bem a pena experimentarem fazer em vossa casa.
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